Autora: Babi A. Sette
Editora: Verus
Páginas: 350
Gênero: Romance / Romance Histórico
Nota: ⭐⭐⭐ + 0,5
*exemplar cedido pela editora*
Egito, 1283 a.C. Dentro do bairro hebreu vive Zarah, uma jovem que sonha com a liberdade e com dias melhores para o seu povo. Salva de um ataque por Ramose, um comandante egípcio, ela se envolve em um jogo de sedução e é arrebatada por uma paixão proibida. Ramose é o inimigo, mas tem nas mãos a promessa de uma vida melhor não somente para ela, como também para o seu povo. Virando as costas para os costumes e o acolhimento de sua gente e para o convívio com David, seu melhor amigo, Zarah escolhe a possibilidade de viver um grande amor e acaba entregue a uma paixão intensa e obsessiva, em que desejo, ciúme e posse se misturam. Agora, para reescrever a sua história, Zarah terá que percorrer uma jornada de volta à sua essência e descobrir até onde é capaz de ir em busca da liberdade e do amor verdadeiro.
Mais um livro da Babi A. Sette para a categoria de lidos que adorei! A Aurora da Lótus é um romance singular e maravilhoso, capaz de surpreender até seus fãs de longa data — a autora se arrisca a sair da sua zona de conforto, trazendo algo, até então, inusitado no seu catálogo.
Zarah é uma jovem hebraica que sonha em ver seu povo liberto. Sonha com dias melhores para viver, sem seu povo sofrendo escravidão nas mãos dos egípcios. No entanto, salva de uma situação aterrorizante pelo comandante Ramose, ela se vê envolvida em um romance complicado. Ela, uma hebraica. Ele, um egípcio. Dois polos que não deveriam ser atraídos, mas acaba transcorrendo. E para viver esse amor, um deles terá que abrir mão de sua cultura e costumes. Zarah não tem medo do desconhecido, por isso se arriscará para que a relação dê certo. O que ela não percebe antes da sua decisão, e que nem tudo é o que parece. Um romance que esconde camadas mais desconfortáveis fará com que repense nas escolhas que fez, e veja o que realmente quer e é prioridade.
E não somente, temos resquícios da cultura hebraica e até mesmo de ocorrências bíblicas citados indiretamente, que fazem com que a ambientação de fundo ganhe dramaticidade. Afinal, associar o antigo Egito com os hebreus, caímos em um capítulo da história da humanidade bem complexo — cheio de tensão e conflitos.
"— Como eu poderia te machucar, se o que mais temo, desde que entendi quem é você, é perdê-la de novo?!" pág. 71
Ainda assim, o que mais me impressionou na história é o quanto ela torna-se imprevisível ao longo do andamento. A partir de determinados comportamentos, o romance ganha nuances de desconfianças e receios. Não é o trajeto mais fácil para fazer uma conjuntura funcionar, por isso acredito que essa tenha sido uma aposta da autora, que no fim deu super certo. As emoções dos protagonistas sobrecarrega o leitor no bom sentido, pois é partir dessa conexão gerada, é que entendemos os caminhos tortuosos optados.
Ramose é um personagem emblemático e que nos causa um misto de sensações no seu surgimento e elaboração. É até difícil compreender em qual ponto ele torna-se um homem desse perfil, porém o fato é que ele se transforma. Em boa parte das páginas acompanhamos o ponto de vista da Zarah, guiados por suas emoções e visão de mundo. É fácil nos enganarmos, assim como ela foi, pelo que vemos do lado externo. No entanto, a partir de uma dada situação, somos levados a perceber o real intento de tudo. E isso choca.
É isso que leva, a existência de uma reviravolta de grande impacto, mudando drasticamente todo a trajetória da estrutura. Vou além, pois acho que se o exemplar não ganhasse esse específico desdobramento, poderia até vir a ser uma decepção pois alguns indícios, davam margem para que essa fosse a construção mais adequada. O desfecho dentro do proposto é pontual, pois satisfaz as duas polaridades que podem ser formadas ao longo das escolhas dos protagonistas.
De uma forma geral, classificar A Aurora da Lótus como algo único, é o mais acertado. Um título ímpar que mostra uma nova faceta da Babi A. Sette, que fala sobre evolução, transformação, acertos e erros, e sobre ser um ser humano. Recomendo demais!
"— Estamos aqui para errar e acertar, mas sobretudo para aprender a amar, sem abrir mão nem do poder pessoal nem da nossa sabedoria. A verdade é que devemos viver sem medo das emoções, porque elas têm muito a nos ensinar." pág. 152
Na parte física, achei a capa lindíssima. Acredito que essa parte externa seja sim um primeiro chamariz para edição, e sendo totalmente condizente com seu conteúdo. A diagramação é a padrão da editora Verus, tendo um texto espaçado e confortável de ler. Não encontrei erros de revisão ou ortográficos. A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista da Zarah e outros esporádicos.
Espero que possam dar uma oportunidade. Agora me digam: conheciam A Aurorada Lótus? Leriam? O que acharam da proposta?
Resenha de outros romances da autora: