[Resenha] Positiva, Camryn Garret

Livro: Positiva

Autora: Camryn Garret

Editora: Verus

Páginas: 280

Gênero: Jovem Adulto / Romance

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💗

*exemplar cedido pela editora*

Simone Garcia-Hampton está em uma nova escola, e desta vez as coisas vão ser diferentes. Ela está fazendo amigos de verdade, envolvida com a turma do teatro e interessada em Miles, o cara que a faz derreter só de olhar para ela. A última coisa que Simone quer é que saibam que ela tem HIV, porque da última vez... bem, da última vez as coisas ficaram feias. Manter a carga viral sob controle é fácil, mas manter o diagnóstico em segredo não é tão simples assim. Quando Simone e Miles começam a namorar ― e os beijos tímidos se transformam em algo mais ―, as sensações vão muito além de um frio na barriga. Ela sabe que precisa abrir o jogo, mas tem medo de como ele vai reagir. Até encontrar um bilhete anônimo em seu armário: ou ela para de sair com Miles, ou a escola inteira vai saber que ela é HIV positiva. O primeiro instinto de Simone é proteger seu segredo a todo custo, mas, à medida que vai entendendo melhor as raízes do preconceito e do medo em sua comunidade, ela começa a se perguntar se a única maneira de superar tudo isso não seria enfrentar os inimigos de cabeça erguida...

Estou simplesmente apaixonada por Positiva e toda sua história. Camryn Garrett ganhou mais uma fã, que panfletará sem dúvidas esse YA para todo mundo — leiam e se encantem por esse livro incrível.

Simone Garcia-Hampton é uma adolescente de 17 anos, HIV positiva. Obrigada a mudar de escola quando a sua antiga não reagiu bem à essa informação, ela não quer que aconteça os mesmo erros nessa sua outra etapa da vida. Com novas amizades, engajada no grupo de teatro da escola, e até tendo uma quedinha por um menino, ela acha que está indo no caminho certo. No entanto, isso tudo pode estar ameaçado, quando começa a receber bilhetes anônimos de alguém querendo revelar seu segredo, por estar saindo com Miles — o carinha que ela está afim. Será que é realmente necessário ser confidencial o fato dela ser HIV positivo? Simone aprenderá que o preconceito não pode sobrepujar a sua vontade de ser feliz.

A qualidade desse desenvolvimento é até difícil de resumir, porquanto fui conquistada. Tudo que engloba o assunto HIV e o impacto social da desinformação acerca do assunto — que gera o preconceito — é indubitavelmente um dos ponto-chaves do enredo. De forma intrínseca na narrativa, a autora nos faz compreender, na perspectiva de quem é portador, o quão complicado é o cotidiano onde as pessoas julgam, apontam e reproduzem algo que não entendem. Fui impactada ao perceber que além de terem que enfrentar seus próprios medos, receios e as várias dúvidas pertinentes sobre ser soropositivo, eles ainda têm que aprender a lidar com as ideias preconcebidas daqueles que os apontam e/ou marginalizam — explicando coisas que numa simples pesquisa na internet, seriam desmistificadas.

E a autora faz com que a vida da nossa protagonista não se resuma só ao fato de ser soropositiva e ao momentos difíceis. Simone é uma menina de 17 anos que está no auge das primeiras descobertas, das primeiras paixões, vivendo diversas aventuras e situações com as amigas, coisas comuns da adolescência. É incrível que mesmo com temáticas relativamente densas, o contexto não perde a leveza de ser um jovem adulto. A escrita da autora aborda a representatividade de diversas minorias, discute sobre o racismo, sem fugir do trejeito do seu público-alvo.

"— O medo é poderoso. — Meu pai balança a cabeça. — E acho que é por isso que tantas pessoas são ignorantes. Elas têm medo de que alguma coisa horrível aconteça. — Mas nem por isso elas podem projetar esse medo em mim... — Eu não... não estou tentando matar ninguém. E não é minha culpa. Eu não sou diferente de ninguém sabe? pág. 107

Sobre nossa personagem principal, Simone é dona de uma personalidade adorável — e acredito que pelo fato de tudo ocorrer pelo seu ponto de vista, é fácil sermos cativados pela mesma. Ela é uma garota intensa e que transborda sentimentos e sensações, mas nada que extrapole a realidade de uma jovem desbravando seus caminhos e escolhas. Foi gratificante notar que apesar dos tropeços e temores, ela confia nos seus ideais. E isso faz com que a sua evolução final, seja perfeita.

A premissa nos deixa ciente da construção de um pequeno mistério no exemplar — em descobrir quem seria o responsável por mandar os bilhetes ameaçadores a nossa jovem — e até que existe uma boa reviravolta nesse aspecto. Não fui surpreendida na revelação do culpado, pois atitudes em específicas cenas me fizeram ficar de olho em um nome, entretanto saber o mandante desse plot twist não é algo que considero um ponto negativo.

O desfecho me deixou com um sorrisão no rosto, e é super condizente com toda a trajetória elaborada. Fico feliz de ter a oportunidade de conhecer um título fabuloso como esse. De uma forma geral, Positiva é um livro que demonstra que todos tem seu lugar sob o sol com suas diferenças e individualidades. Recomendo demais!

Na parte física, a capa original foi mantida, o que a Verus acertou em cheio. A diagramação é a padrão da editora, contendo um texto espaçado e confortável de se ler. Não encontrei erros de revisão. Ademais, existe uma nota da autora e uma nota a editora sobre diversos documentários, filmes, sites e informações sobre o HIV. É interessante dar uma olhada nessa parte. A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista da Simone.

"Eu queria que houvesse alguma forma de desligar o racismo. Eu nunca escolheria não ser nega, mas, se pudesse controlar a forma como a sociedade nos molda, eu o faria sem pensar duas vezes." pág.163

Espero realmente que possam dar uma chance, e tenham gostado da resenha. Agora me digam: conheciam Positiva? O que acharam da proposta? Leriam? O que sabem sobre HIV? Deixa nos comentários!