Livro: Leitura de Verão
Autora: Emily Henry
Editora: Verus
Páginas: 362
Gênero: Romance Contemporâneo / Drama
Nota: ⭐⭐⭐
Em Leitura de verão, uma escritora de romances que não acredita mais no amor e um escritor literário sufocado pela rotina se envolvem em um desafio que pode subverter tudo o que eles sempre pensaram sobre o que é ser feliz. Augustus Everett é um aclamado autor de ficção literária. January Andrews escreve romances best-seller. Enquanto ela cria seus “felizes para sempre”, ele mata todos os seus personagens. Eles definitivamente são polos opostos. A única coisa que têm em comum é que, durante três meses, vão morar em casas de praia vizinhas, ambos falidos e paralisados por um bloqueio criativo. Até que, em uma noite nebulosa, uma coisa leva à outra e eles fazem um acordo que tem o objetivo de arrancá-los da zona de conforto: Augustus vai passar o verão redigindo um livro com final feliz, e January vai escrever o próximo clássico da literatura. Ela vai levá-lo a viagens de campo dignas de uma comédia romântica, e ele a acompanhará em entrevistas com sobreviventes de um culto de suicídio (obviamente). Cada um vai finalizar um livro e ninguém vai se apaixonar. Será?
Ter ouvido minha intuição me salvou de não conhecer a escrita da Emily Henry, afinal, Leitura de Verão não me conquistou — e ele seria o meu primeiro contato com a autora. No entanto, acabei começando com Loucos Por Livros. Posso até compreender, em partes, o hype que o livro tem, mas outros títulos dela são bem melhores.
Em Leitura de Verão, January é uma autora de romances que já não acredita mais no amor, enquanto Augustus é um escritor de ficção literária acostumado a finais trágicos. Durante um bloqueio criativo, eles acabam como vizinhos em casas de praia e, para superar a crise, firmam um acordo inesperado. Augustus terá de escrever uma história com final feliz, e January tentará criar um livro sombrio e sério. Para isso, cada um leva o outro a experiências opostas: passeios românticos dignos de comédias para ele e investigações intensas para ela. O que começa como desafio profissional logo desperta novas descobertas pessoais. Entre provocações e proximidade, surge a pergunta: será que resistirão a se apaixonar?
É um desenvolvimento que deixa claro que existe uma estética própria de escrita e características que fazem os leitores reconhecerem as obras da autora. Enredos puxados para o drama, com personagens mais velhos e temas mais sérios, aliados a uma escrita cativante. Nesse ponto, é indubitável: tudo foi muito bem escrito. Com início, meio e fim bem delimitados, o andamento de Leitura de Verão é excepcional e conquista. Dificilmente, nesse quesito, a autora terá algum ponto negativo — a não ser que você não goste ou acabe enjoando.
Contudo, sinto que faltou algo na obra, ou pelo menos uma definição mais clara do que ela se propôs a trabalhar. Achei que o drama principal não se encaixou perfeitamente na faixa etária dos personagens — temos pessoas de 29 anos lidando com dilemas que parecem mais plausíveis para protagonistas mais jovens — e, para mim, ficou saturado. No meio do livro já estava extremamente cansada do assunto, com a sensação de que ele não rendia. Proposital ou não, para que a resolução ficasse para o final, foi o que me fez não gostar tanto da história.
"— Às vezes isso acontece — disse Gus. — As pessoas ficam com medo. Mudam de ideia. Acham que estão prontas para falar sobre algo quando na verdade não estão." pág. 143
Além disso, já não sou tão empática com a trope enemies to lovers, e acompanhar uma trama construída em cima de mal-entendidos... confesso que revirei muito os olhos ao longo das páginas. Cada vez mais era nítido que uma simples conversa entre dois adultos teria resolvido as controvérsias. E lembram que falei que os personagens são mais velhos?! Justamente por isso, não faria sentido haver tanta falta de entendimento.
Falando nos protagonistas, tanto January quanto Gus demonstram suas qualidades e defeitos, o que deixa evidente o lado humano deles. Entre erros e acertos, escolhas e inseguranças, são duas pessoas que precisam se reencontrar. E nada melhor que esse reencontro também tenha o apoio um do outro. Admito que queria ter gostado mais do casal, entretanto senti falta de um "tempero" a mais para me envolver com eles.
À medida que amplio meu leque de leituras, percebo que a temática de “livros sobre livros” não é sempre para mim. Aqui, temos dois escritores falando sobre seu processo criativo — ou, no caso, a falta dele rs. Porém, esse aspecto foi totalmente sobreposto pelo drama envolvendo o pai da January, e acabou perdendo espaço na trama.
O ritmo final é acelerado, trazendo respostas aos questionamentos, soluções para os problemas e pontos finais às situações. É um desfecho clichê dentro dos romances, mas ainda assim satisfatório. Afinal, quem lê romance já espera um final feliz, não é mesmo? Para mim, foi um dos pontos altos da narrativa.
"A verdade era que eu sabia exatamente quem Gus Everett era, e isso não mudava nada. Porque, ainda que ele provavelmente nunca fosse aprender a dançar na chuva, era Gus que eu queria. Exatamente Gus." pág. 262
De forma geral, Leitura de Verão não é, de longe, o melhor livro da Emily Henry. Para quem deseja ter um primeiro contato com a autora, indico fortemente outro título dela. Infelizmente, não faço parte do time que adorou esse exemplar. Ainda assim, recomendo a leitura se você já conhece e gosta do estilo da autora.
Na parte física, a capa adaptada manteve o design original, e eu particularmente gosto bastante desse estilo. A diagramação segue o padrão da Verus Editora, com detalhes nos inícios de capítulos. Não encontrei erros de revisão ou ortográficos. A narrativa é feita em primeira pessoa, pelo ponto de vista da January. Espero que tenham gostado da resenha e possam dar uma oportunidade. Agora me contem: leriam Leitura de Verão?