Série: A Saga dos Corvos
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Verus
Páginas: 376
Gênero: Fantasia / Jovem Adulto
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💗
Todo ano, na véspera do Dia de São Marcos, Blue Sargent vai com sua mãe clarividente até uma igreja abandonada para ver os espíritos daqueles que vão morrer em breve. Blue nunca consegue vê-los — até este ano, quando um garoto emerge da escuridão e fala diretamente com ela. Seu nome é Gansey, e ela logo descobre que ele é um estudante rico da Academia Aglionby, a escola particular da cidade. Mas Blue se impôs uma regra: ficar longe dos garotos da Aglionby. Conhecidos como garotos corvos, eles só podem significar encrenca. Gansey tem tudo — dinheiro, boa aparência, amigos leais —, mas deseja muito mais. Ele está em uma missão com outros três garotos corvos: Adam, o aluno pobre que se ressente de toda a riqueza ao seu redor; Ronan, a alma perturbada que varia da raiva ao desespero; e Noah, o observador taciturno, que percebe muitas coisas, mas fala pouco. Desde que se entende por gente, as médiuns da família dizem a Blue que, se ela beijar seu verdadeiro amor, ele morrerá. Mas ela não acredita no amor, por isso nunca pensou que isso seria um problema. Agora, conforme sua vida se torna cada vez mais ligada ao estranho mundo dos garotos corvos, ela não tem mais tanta certeza. De Maggie Stiefvater, autora do aclamado A Corrida de Escorpião, esta é uma nova série fascinante, em que a inevitabilidade da morte e a natureza do amor nos levam a lugares nunca antes imaginados.
Agora posso panfletar de maneira correta essa série que tanto amo. Finalmente com a releitura dos volumes, posso fazer uma resenha decente, para o quanto essa saga é simplesmente perfeita e sou conquistada. A Saga dos Corvos é uma das minhas favoritas do gênero, e quero que muito outros leitores possam conhecer!
Blue Sargent é filha de uma médium. Todo ano, no dia de São Marcos, ela junto de sua mãe vai para uma igreja abandonada ver os espíritos que falecerão ao longo do ano. Apesar da sua família ter o dom da clarividência, Blue não consegue prever ou sentir nada — sua maior utilidade é ser amplificadora de quem possui a visão. E com espanto, na sua recente ida para a igreja, ela consegue ver alguém, inclusive, falar com o dito cujo espírito. Ele é Gansey, um estudante rico da Academia Aglionby, onde são conhecidos popularmente como garotos corvos. Numa espiral de acontecimentos e situações — um pouco de destino também — suas vidas serão conectadas em busca de algo maior, envolvendo linhas ley, Glendower e magia.
Maggie Stiefvater nos presenteia com um desenvolvimento um tanto peculiar, no bom sentido. A saga inicia já demonstrando que possui características e contextos únicos — desde as escolhas de elementos e temáticas — junto de uma escrita poética bem gostosa de acompanhar. Os assuntos que envolvem as energias e a existência de linhas ley, médiuns, visões e magia, além de todo o conjunto sobre Glendower são aspectos com um um pé no factual. O que inicialmente, já chama atenção. E indo além, a forma como eles são apresentados dentro da fantasia e incendiados pelos desejos dos personagens, torna-os formidáveis. Um assunto que, talvez, fora do contexto mágico possa ser enfadonho, transforma-se em uma grande aventura nessas páginas.
Na releitura, tive a oportunidade de reparar em detalhes, informações e situações que na primeira vez não dei tanta importância. Isso me fez entender, o quanto cada mínimo detalhe do enredo foi estruturado e elaborado para ter coerência em todo o andamento. Percebi que singelas falas, atitudes e comportamentos serão melhores explicados durante o andamento posterior, e que aqui já foram pincelados. Acredito que se espera grandes surtos quando conseguimos captar as referências dentro de uma narrativa, e nesse quesito não decepcionei — foi cada grito de "eu sabia" rs.
"A linha ley era uma energia inexplicável, incontrolável, bruta. Algo lendário. Quem quer que viesse a controlar as linhas ley, seria mais do que rico. Quem quer que viesse a controlar as linhas ley seria algo que os outros garotos de Aglionby só poderiam começar a aspirar." pág. 166
Sobre os personagens: o que dizer além de elogios rasgados desse grupo que tanto amo? Nem tenho vocabulário de adjetivos suficientes para falar deles. Blue Sargent, Richard Gansey III, Ronan Lynch, Adam Parrish e Noah são uma equipe que colocam suas diferenças de lado por um objetivo em comum — e constroem um laço de amizade extremamente forte. Cada qual com sua personalidade, problemas pessoais e indagações internas se uniram por uma causa, e até mais, se complementaram de modo a se apoiar e ajudarem um ao outro. Aqui é dado o pontapé inicial do que seria essa união, que nos sucessores, só tende a evoluir.
Sobre esse universo mágico, não posso deixar de admitir o quanto pode ser lento essa conexão dos cenários e explicações, principalmente, nas páginas iniciais. Esse é um tipo de conjuntura com diversos componentes que precisam criar coerência na nossa cabeça — e ter tempo para assimilá-los. Como consequência, a avalanche de desdobramentos é algo escasso — aquela coisa frenética de informações — e quando resolver aparecer, é bem próximo do final do livro.
Para aqueles que gostam de romance e relações amorosas, podem shippar e torcer para seus preferidos, pois eles têm espaço no exemplar. Até porque né, convenhamos, que foi concebido uma coisa envolta desse ambiente — Blue carrega um futuro onde beijar seu verdadeiro amor, ocasiona a morte dele. É interessante essa previsão, e o quanto a personagem internalizou esse destino para sua vida. Visões são leituras que podem ter diferentes interpretações, e ao Blue levá-la ao pé da letra, ela evita específicos acontecimentos que ao conhecer os garotos corvos, fica sem escapatória.
Sem fugir do que é esperado por ser uma saga, o desfecho é aberto — inclusive possivelmente o responsável pela maior tensão do livro. É daquele estilo que nos faz indagar: o que será que vem por aí? Com certeza espero mais magia, aventuras, peripécias, expectativas e surtos. Um mundo onde tudo, é possível.
"— Eu ouvi uma voz, um sussurro. Não vou esquecer o que ela disse. Ela disse: 'Você vai viver por causa de Glendower. Alguém na linha ley está morrendo quando não deveria, e assim você vai viver quando não deveria." pág. 251
De uma forma geral, pelo tanto de elogios na resenha é óbvio: mais que recomendado! Os Garotos Corvos é um exemplar ímpar dentro do seu gênero, cheio de qualidades que nos faz devorar suas páginas. Não só bonito por fora, pois essas capas são lindas, seu conteúdo é altura da edição. Leiam, leiam, leiam!
Na parte física, como disse anteriormente, acho as capas maravilhosas. Verus ganhou muitos pontos comigo ao manter a original — assim como a tradução do título — então, nada do que reclamar. A diagramação possui detalhes nos inícios de capítulos, e o formato do texto é o padrão da editora. Não encontrei erro de revisão ou ortográfico. A narrativa é feita por vários pontos de vistas, em terceira pessoa.
Espero que tenham gostado e possam dar uma oportunidade. Acredito que em breve traga a resenha do segundo volume, O Ladrão de Sonhos. Agora me digam: conheciam os Garotos Corvos? Ou A Saga dos Corvos? O que acham da proposta? Leriam? Deixa nos comentários!
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