[Resenha] Reiniciados, Teri Terry

Livro: Reiniciados #1
Série: Reiniciados
Autora: Teri Terry
Editora: Farol Literário
Páginas: 432
Gênero: Distopia
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐+💗
As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?


Reiniciados é uma trilogia distópica que, acredito, poucas pessoas conhecem — e eu sou simplesmente apaixonada a ponto de sempre querer reler. Quando li pela primeira vez, fiquei fascinada por toda a minúcia desse universo, e agora, em uma nova leitura, fico feliz em perceber que esse sentimento permanece intacto.

A obra nos apresenta um mundo onde jovens considerados infratores ou perigosos antes dos 16 anos têm suas memórias completamente apagadas. O governo oferece uma “segunda chance” com o intuito de promover mudanças de comportamento e eliminar qualquer vestígio do passado. Após serem Reiniciados, todos recebem um nizo — uma espécie de pulseira conectada diretamente ao nível de felicidade da pessoa, que mede suas emoções por números. Existe uma escala de controle tão severa que, em casos de fortes emoções como raiva ou estresse extremo, o indivíduo pode sofrer desmaios, e em situações mais graves, até a morte. Todo esse monitoramento é feito por meio de um chip implantado na cabeça de cada Reiniciado.




Kyla está em processo de adaptação à nova vida. Ela é acolhida por uma família totalmente desconhecida e precisa reaprender tudo: não sabe o que é dor, não sabe lavar louça, não sabia nem andar ou falar — é como um bebê que aprende por etapas. No entanto, seu aprendizado passa a ser perturbado por lembranças, sensações e déjà-vus de quem ela era antes do procedimento. Ao conhecer Ben, por quem sente uma estranha familiaridade, Kyla decide investigar seu passado. O que ela não imagina é que essa busca por respostas vai levá-la a uma realidade cruel, onde tudo aquilo em que foi ensinada a acreditar pode ser uma grande mentira.

Gosto muito de narrativas que apresentam novos mundos, estruturas sociais diferentes e regras próprias de funcionamento — e foi exatamente isso que me encantou neste livro. Somos jogados de cabeça nesse universo, assim como a protagonista. À medida que vamos compreendendo melhor seu funcionamento e complexidade, os questionamentos só aumentam. É fácil traçar um paralelo entre nossas próprias desconfianças e o medo da Kyla em confiar nas verdades que lhe são apresentadas. A construção é gradativa, por isso os primeiros capítulos podem parecer mais lentos, mas a evolução da história é vertiginosa.

“... É como se em seus pequenos cérebros de Reiniciados e felizes aquilo não fosse o suficiente para criar retaliação. Não sou como eles. Não compreendo.” – pág. 111

Sobre a Kyla, é uma protagonista que conquista com facilidade, muito por aparentar uma fragilidade inicial. Felizmente, ao longo da narrativa, ela passa por um forte processo de autodescoberta, reconhecendo suas qualidades e se tornando cada vez mais forte e determinada. Seu crescimento é nítido, e acredito que sua evolução será ainda mais marcante nos volumes seguintes. Já Ben me causou sentimentos ambíguos, principalmente por sua postura dúbia em relação à confiança — ainda preciso formar uma opinião mais sólida sobre ele.

Para mim, o grande ponto alto deste primeiro volume é o desfecho. O final é simplesmente eletrizante! Terminamos a leitura sem saber exatamente em que acreditar, cheios de dúvidas e teorias, com uma enorme sensação de mistério sobre o que está por vir. Fica muito claro que essa trilogia funciona como um grande quebra-cabeça, cujas peças só se completam ao longo dos três livros — fiquei completamente fascinada.




De maneira geral, é impossível não recomendar Reiniciados. A obra aborda temas como governo autoritário, controle social, liberdade de expressão e manipulação de comportamentos — reflexões extremamente atuais. A escrita é fluida, envolvente e fácil de acompanhar, e leitores fãs de distopias certamente vão se sentir fisgados pela proposta.

Na parte física, confesso que as capas não estão entre as mais bonitas, mas criaram uma identidade visual peculiar e reconhecível. A diagramação da Farol Literário é confortável, com espaçamento agradável para a leitura. A narrativa é em primeira pessoa pelo ponto de vista da Kyla.

“... Mas algo eu percebia, como não gostar de brócolis, ser capaz de dirigir, desenhar melhor com a mão esquerda. E a forma como chorei, em grandes soluços. Eu não sabia como chorar, não era boa nisso. Não era algo que eu já tivesse feito. Seja lá quem for Kyla, há outra pessoa escondida. E, na verdade, é dela que eu tenho medo.” – pág. 173

Reiniciados é uma leitura que provoca, inquieta e faz o leitor questionar até onde vai o limite entre controle e liberdade. Se você gosta de distopias cheias de mistérios, reviravoltas e reflexão social, essa trilogia tem tudo para te conquistar. Agora quero saber de você: já conhecia Reiniciados? Ficou com vontade de ler? Vamos conversar nos comentários! 

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Ana Caroline

Olá, tudo bem? Prazer, me chamo Carol (na realidade Ana Caroline, mas ficamos com Carol!), sou formada em Nutrição pela UNIRIO e tenho 28 anos. Gosto de compartilhar com o mundo um pouco do que eu me apaixonei no universo literário, que é um vício criado na adolescência (culpado Crepúsculo!). Fã de fantasia e de romances (desde os dark até romance de época) e um pouco de suspense, o Leituras Diárias é um lugar onde mostro essa minha paixão pelos livros. Sejam bem-vindos!

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