Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Páginas: 336
Gênero: Drama / Juvenil / Romance
Nota: ⭐⭐⭐ + 0,5
Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e chamado de “aberração” por onde passa. Para piorar, é obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família. Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante. Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: conhecer lugares incríveis do estado onde moram. Ao lado de Finch, Violet para de contar os dias e finalmente passa a vivê-los. O garoto, por sua vez, encontra alguém com quem pode ser ele mesmo, e torce para que consiga se manter desperto.
Violet Markey e Theodore Finch se conhecem de uma maneira inusitada: na marquise do alto da torre da escola, prestes a pularem. Cada qual tentando lidar com suas dores e problemas, eles encontram na amizade um elo que muda drasticamente a forma como estão vivendo. Violet é traumatizada pelo acidente de carro sofrido junto da irmã, onde somente ela sobrevive e tem sentimento de culpa. Finch é julgado "aberração" por sua forma diferente de ver o mundo, e sofre de longos apagões — períodos de depressão — que não é notado por ninguém da família. Ambos aprenderão que a vida deve ser vivida.
Acho incrível a leitura proporcionar o fato de que mesmo estando preparada para tipos específicos de desenvolvimentos, eles ainda podem ter o dom de surpreender e emocionar. Por Lugares Incríveis possui o aviso de conter gatilhos para depressão, ideação suicida e suicídio. Era do meu conhecimento o que acontecia no final — nesse caso pedi para saber pois são assuntos delicados para mim — e apesar disso, nada tirou o brilho de ser uma história que aflora os sentimentos e que nos faz refletir sobre as doenças psicológicas, impactando de alguma maneira.
O maior brilhantismo do exemplar é trazer personagens críveis. Finch tem uma visão de mundo peculiar e que realmente me fazia pensar sobre sua perspectiva. Por mais que considere certas atitudes e comportamentos exacerbados, entendia a motivação por trás. Violet é que talvez tenha me decepcionado um pouco — esperava um pouco mais de personalidade própria — entretanto levando-se em conta que são adolescentes, é compreensível também suas razões. Sendo uma dupla que se apoia mutuamente, que se conecta e conversam a mesma "língua", é fácil ser conquistada pelas narrativas e adentrar profundamente nas páginas. A obra torna-se fluida visto que somos cativados por eles.
Uma observação que tenho a fazer, é que em um dado momento acabei me cansando do ambiente escolar falho e a constante falta de atenção de uma das famílias principais. Proposital ou não, me incomodava ver escolhas duvidosas sendo feitas porque faltava amparo nestes quesitos — que inclusive são determinantes para o final. Sem querer dar spoilers, o fim pode chegar com um gosto agridoce — e talvez visível para quem captou os pormenores — mas que não invalida toda a construção e caminhar.
"Continuo a respirar, mesmo não sorrindo mais. O que está acontecendo é o seguinte: meu cérebro e meu coração estão pulsando em ritmos diferentes; minhas mãos estão ficando frias e minha nuca está ficando quente; minha garganta está completamente seca. O que eu sei sobre transtorno bipolar é que é um rótulo. Um rótulo para pessoas loucas. […] Rótulos como bipolar significam: É por isso que você é assim. Esse é você. Reduzem pessoas a doenças."
De uma forma geral, é um livro que se destrinchá-lo muito pode estragar todas as sensações que o leitor venha a ter. Recomendo Por Lugares Incríveis — com pacotinhos de lencinhos ao lado, fica a dica! Pensando no hoje, não sei se leria novamente em razão do quanto me abalou, contudo não conhecê-lo seria pior. A experiência valeu a pena!
Na parte física, a minha edição é a de capa dura com a jacket do cartaz do filme. Gosto dessa opção que não deixa de mostrar a adaptação, simultaneamente que não muda a essência da capa original — que é bem representativa do conteúdo. Ele possui a lombada colorida em um tom esverdeado/azulado, e a diagramação possui pequenos detalhes que enriquecem sua parte interna. A narrativa é feita em primeira pessoa pelos dois pontos de vistas alternados.
Espero que tenham gostado! E vocês: conheciam Por Lugares Incríveis? Já leram ou querem ler? Já assistiram o filme? Deixa nos comentários!
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