Série: Grishaverso
Autora: Leigh Bardugo
Editora: Minotauro
Páginas: 288
Gênero: Fantasia / Jovem Adulto
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💗
Em um país dividido pela Dobra das Sombras – uma faixa de terra povoada por monstros sombrios – e no qual a corte real está repleta de pessoas com poderes mágicos, Alina Starkov pode se considerar uma garota comum. Seus dias consistem em trabalhar como cartógrafa no Exército e em tentar esconder de seu melhor amigo, Maly, o que sente por ele. Quando Maly é gravemente ferido por um dos monstros que vivem na Dobra, Alina, desesperada, descobre que é muito mais forte do que pensava: ela é consegue invocar o poder da luz, a única coisa capaz de acabar com a Dobra das Sombras e reunificar Ravka de uma vez por todas. Por conta disso, Alina é enviada ao Palácio para ser treinada como parte de um grupo de guerreiros com habilidades extraordinárias, os Grishas. Sob os cuidados do Darkling, o Grisha mais poderoso de todos, Alina terá que aprender a lidar com seus novos poderes, navegar pelas perigosas intrigas da corte e sobreviver a ameaças vindas de todos os lados.
Se está à espera de uma resenha imparcial sobre Sombra e Ossos, infelizmente vai se decepcionar: eu simplesmente amo essa história, então eu só tenho elogios! Me apaixonei pelo universo Grisha quando li pela primeira vez em 2014, e na releitura o sentimento só se amplificou. Sombras e Ossos ainda me fascina por ser singular.
Alina Starkov nunca esperou muito da vida. Órfã de guerra, ela tem uma única certeza: o apoio de seu melhor amigo, Maly, e sua inconveniente paixão por ele. Com a função de cartógrafa de seu regimento militar, em uma das expedições que precisa fazer à Dobra das Sombras – uma faixa anômala de escuridão repleta dos temíveis predadores volcras –, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros e ficar brutalmente ferido. Seu instinto a leva a protegê-lo, quando inesperadamente ela vê revelado um poder latente que nunca suspeitou ter.
A partir disso, é arrancada de seu mundo conhecido e levada da corte real para ser treinada como um dos Grishas, a elite mágica liderada pelo misterioso Darkling. Com o extraordinário poder de Alina em seu arsenal, ele acredita que poderá finalmente destruir a Dobra das Sombras. Agora, ela terá de dominar e aprimorar seu dom especial e de algum modo adaptar-se à sua nova vida sem Maly. Mas nesse extravagante mundo nada é o que parece. As sombrias ameaças ao reino crescem cada vez mais, assim como a atração de Alina pelo Darkling, e ela acabará descobrindo um segredo que poderá dividir seu coração – e seu mundo – em dois. E isso pode determinar sua ruína ou seu triunfo.
Para mim é indiscutível o quanto o desenvolvimento é fascinante. Leigh Bardugo foi feliz em trazer aspectos da mitologia russa para dentro da fantasia — sendo uma mistura extremamente envolvente, principalmente quando falamos da ambientação e criação de mundo. Cheio de pormenores e elementos curiosos, adentramos numa narrativa que tem tudo para ser eletrizante, e essa sensação se cumpre ao longo do andamento. Esse primeiro volume nos orienta, apresenta e mostra do que esse universo é capaz. É notório que ele será expandido, deixando um gosto de possíveis evoluções.
"Eu não pertencia a este mundo bonito, e se não arrumasse um modo de usar meu poder, nunca pertenceria." pag. 138
Existem diversos aspectos e características únicas dentro de Ravka — hierarquias, costumes e organizações próprias. Algumas pessoas podem, inicialmente, encontrar dificuldades de assimilar as particularidades da narrativa, mas acredito que seja uma barreira fácil de ultrapassar. Muitas das vezes, é um primeiro contato com as palavras russa e seus vocabulários, o que pode assustar.
Alina, Darkling e Maly são personagens complexos. Cruzam facilmente as barreiras do límitrofe entre o amar e odiar dos leitores, fazendo com que as pessoas sejam bem oito ou oitenta com eles. Me ponho na posição de não odiá-los ou amá-los fervorosamente — até porque meu protagonista favorito aparecerá somente no segundo volume — contudo, consigo entender as motivações, comportamentos e opiniões de cada um. Alina e Maly são dois jovens que desconhecem o mundo, estão no meio da primeira paixão, então escolhas equivocadas podem ocorrer. Já Darkling tem anos de experiências, anos de aprendizado e vivência, junto de uma personalidade que é insinuante e atraente. Todos possuem qualidades e defeitos.
E claro que não que poderia faltar acontecimentos bombásticos, reviravoltas eletrizantes e contextos explosivos. A autora brinca com o conceito de herói, vilão e ser humano, trazendo desdobramentos que rodeiam esses debates. Quando tornar-se nítido o papel de cada um dentro da conjuntura, as eventualidades deslancham.
As últimas páginas chegam carregadas de situação importantes, emblemáticas agitadas e cheias de adrenalinas que culminam em um desfecho aberto. Ganchos para o sucessor são deixados, nos instigando a formar teorias do que pode ocorrer após as ações finais. Há muito mais perguntas do que respostas, e esse é o pontapé de algo maior em construção.
"Eu quis correr atrás dele, retirar o que tinha dito, implorar-lhe para ficar, mas eu tinha passado a vida correndo atrás de Maly. Em vez disso, permaneci em silêncio e o deixei ir." pág. 190
De uma forma geral, recomendo Sombra e Ossos! O Grishaverse é uma série jovem adulta que inova e arrisca nos seus componentes. Com certeza os fãs de fantasia que gostam também de uma boa dose de romance irão se identificar. Além do mais, nada melhor que aproveitar e conhecer a trilogia agora, antes da adaptação em série da Netflix ser lançada.
Na parte física, eu tenho as duas versões que já foram lançadas no Brasil. É engraçado porque no quesito capa prefiro a edição da Minotauro, no entanto em diagramação prefiro a da Gutenberg. A tradução nas duas são iguais — inclusive os erros de revisão — e a narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista da Alina.
Espero que tenham gostado, e possam dar uma oportunidade. Agora me digam vocês: conheciam Sombra e Ossos? Já leram? Deixa nos comentários!