[Resenha] Calafrio, Maggie Stiefvater

Livro: Calafrio #1
Série: Os Lobos de Mercy Falls
Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Páginas: 344
Gênero: Fantasia/Romance
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💗
O frio. Grace passou anos observando os lobos no bosque próximo à sua casa. Um deles, um belo lobo de olhos amarelos, a observa também. Ele parece familiar, mas ela não sabe por quê. O calor. Sam vive duas vidas. Como lobo, ele é um companheiro silencioso da garota que ama. E, por um curto período a cada ano, ele é humano, embora nunca tenha coragem suficiente para falar com Grace… até agora. O calafrio. Para Grace e Sam, o amor sempre foi mantido a distância. Mas, uma vez revelado, não pode ser negado. Sam precisa lutar para continuar humano, e Grace precisa lutar para ficar ao seu lado — mesmo que isso signifique enfrentar os traumas do passado, a fragilidade do presente e as impossibilidades do futuro.

Maggie Stiefvater é uma das minhas autora favoritas, e com isso, tudo que leio dela tem uma carga de expectativas por trás. Os Lobos de Mercy Falls carrega o fardo de ser uma fantasia que traz o contexto romântico em evidência, e admito, amei demais!

Grace aos 11 anos foi atacada por lobos no quintal de sua casa, e nessa abordagem, um lobo em específico lhe chamou atenção. Ele tinha expressivos olhos amarelos, e foi também o responsável por salvar sua vida naquele momento. Seis anos depois desse incidente, Grace desenvolveu uma paixão pela espécie, e mais especificamente por esse lobo de olhos ímpares que sempre está rondando seu quintal. Ao supostamente eles serem acusados por uma morte que ocorreu na cidade, seu pai e os homens do local decidem organizar uma caça para matá-los. Grace se dá conta que pode perder o lobo que se afeiçoou, então tentará impedir que a matança aconteça. O que ela não esperava, é que acabasse o encontrando na varanda de sua casa, mas na forma humana.


Um desenvolvimento que para mim, é sem defeitos. Como uma boa fã de obras que misturam a fantasia com o romance — ênfase nessa construção de relacionamento —, aqui temos uma trama que nos deixa ansiando para que o casal se concretize. Somos apresentados a uma dramaticidade que beira o crível, que nos deixa tensos e angustiados para o que pode transcorrer no andamento, sendo então, o cerne principal da série.

Seu universo sobrenatural é demasiado curioso e diferente, sendo um aspecto que também se sobressai no exemplar. As explicações dos elementos desse universo — que são poucos, porém complexos —  demoram a serem entendidas. A escrita da Maggie já é conhecida por custar a engrenar, e Calafrio não escapou desse cenário. Ainda assim, creio que quando melhor assimilado, fica fácil adentrar de vez na conjuntura. Acredito que tenhamos uma leitura que sensibiliza, pois beirando ao estilo poético de escrita, as palavras e ações são capazes de nos tocar.

"Mas Grace, a única pessoa no mundo que eu queria que me visse, só passou um dedo interessado sobre a capa dura de um dos lançamentos e saiu da loja sem ao menos perceber que eu estava ali, bem ao seu alcance." pág. 16

Grace é uma menina de personalidade forte, mas que em algumas circunstâncias acabou sendo ofuscada por conta da sua fixação pelos lobos. Um dos recursos que funcionou para a compreendermos melhor, foi a retomada em situações passadas que demonstram como ela adquiriu essa obsessão, fazendo com que assimilássemos essa experiência. Todavia, senti que ainda faltou maior impacto e aproximação minha com ela — talvez até empatia — que, felizmente, acabou sendo compensado pelo protagonista masculino.

Sam é um menino de dezoito anos com um passado turbulento e que tem a habilidade de se transformar em lobo. Ele possui uma personalidade sensível, explicada e justificada por sua oscilação entre a forma de lobo e a humana, que nos conquista. Além disso, sonha em achar uma solução para que possa sempre permanecer como humano. Acompanharmos essa trajetória e a busca incansável dele, nos desconcerta e cativa. Eu simplesmente fui rendida por toda sua garra e vontade.


Ao longo dos anos Sam ficou a espera da Grace se transformar em lobo, e esse aguardar por consequência trouxe um elaboração gradativa na concepção dos sentimentos dos nossos personagens — e me arrisco a dizer que houve até um quadro de amor platônico de uma das partes. Espere intensidade e dramaticidade nesse relacionamento. O que não faltará são motivos que não os façam ficarem juntos.

A delicadeza da narrativa junto do possível prazo de validade do casal nos oferece uma elevada carga de emoções, perpetuando no leitor uma sensação de que a qualquer instante tudo pode desandar. Não somos lembrados constantemente do assunto de forma direta, contudo a cada cena dos dois, cada vez que eles tem um tempo juntos, cada vez que expressam suas afeições, torna-se nítido que esta pode ser a última vez deles próximos.

"Eu não acreditava que pertencesse ao seu mundo, um cara preso entre duas vidas, arrastando comigo o perigo dos lobos, mas, quando ela me chamou pelo nome, esperando que eu fosse junto, eu soube que faria qualquer coisa pra ficar com ela." pág. 104

O final traz o ápice da narrativa, tendo uma sucessão de reviravoltas e plot twists. O desfecho é realmente de tirar o fôlego, e que inclusive, nos angustia para ler o sucessor — não leia a última página! Estou avisando que estragará toda a montanha-russa estruturada. A capacidade da autora de me sugar para dentro dos seus exemplares é absurdo, e aqui não foi diferente.

De uma forma geral, recomendo!  Para quem se aventurou em outros títulos da Maggie Stiefvater, notará evidentes diferenças já que aqui não temos enfoque no ambiente fantástico. Calafrio fala sobre o lado emocional das pessoas, sobre traumas, medos e esperanças de um futuro que sonha. Leitores que gostam desse estilo de temática, se identificarão.


Na parte física, o livro tem diversas capas por motivos editoriais que desconheço. Na época que comprei só consegui encontrar desse modelo — na qual acabou que padronizei com os sucessores. A diagramação possui detalhes e uma peculiar informação a cada início de capítulo: uma temperatura relacionada a mesma. Ao decorrer da leitura você entende o motivo dessa inserção, e o que essa informação representa dentro do conteúdo. A narrativa é feita em primeira pessoa pelos pontos de vistas do Grace e do Sam de modo alternados.

Espero que tenham gostado, e possam dar uma oportunidade. Agora me digam: conheciam Calafrio? Tem vontade de ler? Deixa nos comentários!
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Ana Caroline

Olá, tudo bem? Prazer, me chamo Carol (na realidade Ana Caroline, mas ficamos com Carol!), sou formada em Nutrição pela UNIRIO e tenho 28 anos. Gosto de compartilhar com o mundo um pouco do que eu me apaixonei no universo literário, que é um vício criado na adolescência (culpado Crepúsculo!). Fã de fantasia e de romances (desde os dark até romance de época) e um pouco de suspense, o Leituras Diárias é um lugar onde mostro essa minha paixão pelos livros. Sejam bem-vindos!

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