Série: Cursebreakers
Autora: Brigid Kemmerer
Editora: Plataforma 21
Páginas: 448
Gênero: Fantasia / Jovem Adulto
Nota: ⭐⭐
A maldição finalmente foi quebrada, mas o príncipe Rhen de Emberfall enfrenta problemas ainda mais sombrios. Há rumores de que ele não seja o legítimo herdeiro, e de que magia proibida foi desencadeada no reino. Embora Rhen tenha a princesa Harper ao seu lado, Grey desapareceu, deixando mais perguntas do que respostas. Grey sabe a verdadeira identidade do herdeiro, mas jurou mantê-la em segredo. Foragido desde que destruiu Lilith, a feiticeira, ele não deseja desafiar Rhen – até que Karis Luran ameaça novamente tomar Emberfall. A própria filha de Karis, Lia Mara, vê as falhas no plano violento da mãe, mas a jovem será capaz de convencer Grey a enfrentar Rhen, mesmo sendo para o bem do reino? Nesta continuação da saga Cursebreakers, amigos podem virar inimigos, e um novo amor floresce mesmo com a proximidade do caos.
*a sinopse contém spoilers do livro antecessor, por isso, pulem o segundo parágrafo se quiserem evitar*
Feroz e Dilacerado Coração era uma das minhas leituras mais aguardadas do ano — senão, a mais aguardada do primeiro semestre. E dizer que ela não foi nada do que esperava, negativamente, é até triste. Para dar continuidade na trilogia, Brigid Kemmerer preferiu escolher caminhos tortuosos, que desmanchou tudo construído no primeiro.
Após os acontecimentos que libertaram Emberfall da maldição, agora o reino tem problemas maiores. Com o príncipe enfrentando o rumor de não ser o herdeiro legítimo do trono, com o seu povo cada vez mais desacreditado na princesa Harper e tendo ameaças de invasão dos inimigos constantemente — como Karis Luran — Rhen tomará medidas desesperadas para que as coisas entrem nos eixos. O que ele não sabe, ou espera, é que seu antigo guarda e amigo, Grey, sabe a identidade do verdadeiro herdeiro e poderia colocar um ponto final em uma das suas complicações. No entanto essa revelação pode destruir tudo que lutaram para instaurar: a segurança de Emberfall.
O desenvolvimento do livro é de um estilo que traz sensações extremamente polarizadas entre os leitores: ou você adora cem por cento, ou odeia. A autora é feliz em trazer um enredo sendo narrado em perspectivas diferentes do antecessor — pois quem ganha espaço é o ponto de vista do Grey e a nova personagem Lia Mara, — então, veremos esse mundo de um novo ângulo. Gosto do fato do Grey ganhar essa maior relevância, e até sendo fundamental para o futuro do reino de várias formas, contudo, na minha opinião, o elogio só para por aqui. A escolha em trazer um andamento que descaracteriza certos protagonistas, para que a história tivesse maiores ares dramáticos, não foi a melhor em minha opinião
E nesse caso, falo especificamente de dois nomes: Harper, sobretudo, o príncipe Rhen. O segundo sendo meu preferido da série por todo o crescimento que teve ao longo de Sombria e Solitária Maldição, simplesmente foi destroçado pela opção mais fácil de contexto. E pior. Essas questões se amplificam pelo fato de que em nenhum momento — além do pífio epílogo — é dado a chance de entendermos o que se passa na mente dele, fazendo-o ganhar um papel esdrúxulo: o de vilão.
"O herdeiro existe. Há registros com o selo do meu pai. Eu queria adiantar a coroação, mas muitos nobres já deixaram claro que querem uma prova de que a linha sucessória é sólida, então eu devo fazer o meu melhor para provar." pág. 20
Óbvio que estou super frustrada e chateada porque conseguiram acabar com alguém que admirava na obra, e para piorar, notei que usaram diversas justificativas superadas e ultrapassadas do primeiro volume, para que o andamento se tornasse "plausível". Ou seja, retrocedem toda uma evolução, para que algo passasse como aceitável, não se preocupando que nesse meio pudesse ocorrer uma distorção dos personagens — o que sem dúvidas aconteceu. Todas essas ressalvas fizeram com que a leitura perdesse seu encanto, onde mesmo tendo uma fluidez excelente, não me conquistou.
Sempre trago as minhas impressões acerca dos personagens de forma mais detalhada, entretanto sinto que nessa obra qualquer coisa que fale sobre, pode configurar como spoilers. Como temos o enfoque nas ações, comportamentos e atitudes deles sendo o fio condutor das situações mais importantes, prefiro que vocês descubram ao longo das páginas como se apresentaram. O que posso dizer de forma resumida, é que adorei a entrada da Lia Mara no grupo principal, e merecidamente Grey tem seus destaques — ainda que seja com alguns pensamentos distorcidos.
Sobre o universo mágico de Emberfall, ele foi ampliado ganhando novos elementos e informações, o que dá uma continuidade satisfatória acerca do mundo. O romance não tem grandes espaços, porém seus pontuais aparecimentos são ótimos — na qual já torço para esse novo casal. O final tem desdobramentos eletrizantes, e também tem a inserção de muitas respostas de questionamentos que fazemos ao longo da trama. Esse desfecho consegue finalizar o ciclo criado, ao mesmo tempo que deixa em aberto o futuro da trilogia.
De uma forma geral, Feroz e Dilacerado Coração é uma continuação que, infelizmente, não curti — na balança de acertos e erros, ela pende mais para as falhas. Apesar disso, não estou desanimada em ler a conclusão da trilogia, visto que o epílogo me deu uma esperança que os equívocos podem ser consertados. Torço para não estar enganada. A maior dica que dou para quem quer encarar Cursebreakers, é ler quando ela estiver completa — eu mesma se soubesse desse rebuliço todo, optaria ler o título tendo o terceiro já em mãos.
"— Não importa. Não ter a ver com ser culpado ou não. Tem a ver com deixar as pessoas aterrorizadas pensando que um feiticeiro, pode ser capturado e assassinado facilmente. Tem a ver com provar que não existe ameaça à Coroa." pág. 81
Na parte física, a capa é idêntica a original — tendo apenas a tradução do título — e é bonita. No seu conteúdo internos temos um mapa, um sumário e a diagramação com pequenos detalhes nos inícios de capítulos. O formato do texto é o padrão da editora Plataforma 21, e como disse antes, a narrativa é feita pelos pontos de vistas do Grey e da Lia em primeira pessoa.
Espero que tenham apreciado a minha sinceridade na resenha — e é isto, quando não gosto, aviso. Agora me digam: conheciam Sombria e Solitária Maldição? O que acharam da proposta do segundo? Leriam? Deixa nos comentários!
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