Série: Química Perfeita
Autora: Simone Elkeles
Editora: Globo Alt
Páginas: 428
Gênero: Jovem Adulto / Romance
Nota: ⭐⭐⭐⭐
Brittany e Alex são de mundos opostos: ela é a menina perfeita com um futuro brilhante pela frente, ele o membro de uma gangue perigosa que não tem nada a perder. Os dois não teriam nenhum contato um com o outro, se não tivessem sido forçados a ser parceiros nas aulas de química do último ano. Alex sabe que qualquer relação que Brittany tenha com ele pode colocar em risco sua reputação impecável de boa aluna e namorada dedicada e, por orgulho e diversão, aposta com os amigos que consegue fazer com que ela saia com ele. No entanto, quanto mais se aproximam, mais fica evidente que eles têm algo em comum que ninguém parece perceber: nenhum dos dois é o que se esforça tanto para ser.
Não sei porque demorei tanto a conhecer Química Perfeita! Uma história que me encantou, emocionou e faz jus aos tantos fãs que tem — e pediram essa reimpressão. Inclusive, se não fosse pela editora Globo Alt, talvez não lesse tão cedo.
Brittany vive um vida perfeita, pelo menos de fachada. Ensinada a ter uma reputação impecável, a nunca demonstrar fraquezas ou falhas, ela se sente cada vez mais aprisionada na ilusão que passa para a sociedade. Quando é obrigada a formar dupla com Alex na aula de química, ela perceberá que apesar das realidades diferentes, eles tem muito em comum. Alex faz parte de uma gangue latina — sendo mexicano — e sabe que seu futuro está na irmandade. Nada de faculdade, nada em sonhar alto. Seu objetivo é proteger a mãe e os irmãos. Quando dois jovens de mundos diferentes encaram suas semelhanças, talvez, um forte sentimento possa nascer. Eles serão capazes de enfrentar tudo para ficarem juntos?
Livros do estilo, geralmente, espero encontrar um romance fofo com pequenas doses de desentendimento e tensão, por isso não me preparei para o turbilhão de emoções que achei. Primeiro que autora nos mostra uma realidade de possíveis costumes xenofóbicos. Nunca pensei que a imigração latina — que na maioria são mexicanos — fosse um aspecto tão forte e cheia de problemáticas nos EUA. Apesar de ser ficção, podemos dar credibilidade para alguns acontecimentos, pois dificilmente tudo seria irrealista. Somado ao fato de termos um drama muito bem embasada em explicações e justificativas, o enredo só evoluiu.
Um desenvolvimento que vai além de uma mera junção de casal, que demonstra amadurecimento de personagens, que demonstra as escolhas que podemos fazer, principalmente, quando lembramos que o público alvo são os jovens. Ambientes escolares sempre trazem a alternativa de trabalhar temáticas importantes paralelamente, e a Simone Elkes soube aproveitar. Pude refletir sobre os diversos comportamentos estampados, e com certeza daria um bom debate pós-leitura.
"Gente do lado norte realmente não se mistura com gente do lado sul. Não é que pensemos que somos melhores que eles — somos apenas diferentes. Crescemos na mesma cidade, mas em lados completamente opostos. Moramos em grandes casas, perto do lago Michigan; eles vivem à margem dos trilhos do trem. Nós falamos, agimos e nos vestimos de formas diferentes. Eu não estou dizendo que isso seja bom ou ruim, mas é como as coisas são em Fairfield." pág. 22
Sobre os protagonistas, Brittany e Alex mostram uma dualidade interessante de acompanhar. Não sou daquelas que creem no ditado "os opostos se atraem", então até ser evidenciado o que eles tinham em comum, precisava ser convencida que daria certo. Obviamente que depois passei a amá-los — e torcer para que as situações em conjunto se resolvessem — e caracterizei esse impasse inicial como um ponto para que eles pudessem crescer. Em específicos momentos tomam atitudes que considero irritantes, além de agirem arrogantemente, entretanto a faixa etária deles permitem errar.
Outro ponto positivo e que merece atenção: as histórias em segundo plano. A família da Brittany e a imagem de "perfeição"; a família de Alex e o fato deles dependerem dele; os irmãos de ambos os lados e seus complexos; nuances interessantes de absorver e entender. É importante captar o quanto o núcleo familiar tem papel crucial nos caminhos que resolveram trilhar.
Com poucas reviravoltas e mudanças bruscas, seu elemento forte está na dramaticidade. Numerosos motivos e argumentos para que o amor não vença são expostos, e a nossa atenção é direcionada a pensar se existirá final feliz ou não. Vou admitir que teve cenas que fiquei com o coração acelerado, pensando no pior, entretanto não soltarei spoilers de como findará — fiquem na curiosidade!
De uma forma geral, recomendado! Química Perfeita ultrapassa a barreira do gênero romântico, e é um exemplar que pode nos conquistar. A escrita fluida ajuda a passar as páginas de forma rápida, e traz questionamentos importantes nas circunstâncias que é elaborada. Fãs de romances, fãs de jovem adulto, podem apostar sem medo!
"O problema é que o passe para o banheiro não ajuda a pessoa a evitar a vida. Ela ainda estará aqui quando você voltar. Acredite em mim: já tentei. Os problemas e as coisas ruins não vão embora quando nos escondemos no banheiro." pág. 210
Na parte física, não sei muito o que falar da capa. É bonita? Possivelmente. Me agrada? Não completamente. A imagem conversa com o contexto geral, contudo não vejo trazendo especificidades da parte interna — acredito que poderia ter colocado componentes que tivessem maior compatibilidade. A diagramação é a padrão da editora Globo Alt, tendo pequenos detalhes nos inícios de capítulos. A narrativa é feita em primeira pessoa pelo dois pontos de vistas, Alex e Brittany.
A continuação da trilogia já foi lançada, Leis da Atração, e pretendo ler em breve! Espero que tenham gostado. Agora me digam: conheciam A Química Perfeita? Ficaram curiosos? Dariam uma chance? Deixa nos comentários!