Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Verus Editora
Páginas: 250
Gênero: Realismo Mágico / Ficção
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💗
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Qualquer pessoa que visite Bicho Raro, no Colorado, vai encontrar um cenário de santos sombrios, amor proibido, sonhos científicos, corujas loucas por milagres, afetos distantes, um ou dois órfãos e um céu cheio de estrelas vigilantes. No coração desse lugar está a família Soria, cujos membros têm a capacidade de realizar milagres. E no coração dessa família estão três primos que desejam mudar o futuro: Beatriz, a garota sem sentimentos, que quer apenas ser livre para examinar seus pensamentos; Daniel, o santo de Bicho Raro, que faz milagres para todo mundo, menos para si; e Joaquin, que passa suas noites no comando de uma estação de rádio usando o nome Diablo Diablo. Eles estão todos à procura de um milagre. Mas os milagres de Bicho Raro nunca são exatamente o que você espera. Com Todos os santos malditos, Maggie Stiefvater — chamada de “grande contadora de histórias” pelo USA Today e “incrivelmente criativa” pela Entertainment Weekly — nos traz a história extraordinária de uma família extraordinária, um conto magistral de amor, medo, escuridão e redenção.
Maggie Stiefvater é uma autora que não deixa de me surpreender. Mais uma vez, de forma primorosa, ela nos traz uma temática diferente e que ao mesmo tempo não deixa de ser algo característico dela. Todos os Santos Malditos de um jeito peculiar me conquistou, por isso é favoritado.
Bicho Raro é uma cidade conhecida por seus milagres. A família Soria — que em sua maioria vive por lá — é conhecida pela capacidade de realizar milagres. Mais especificamente Daniel, o Santo de Bicho Raro. No entanto, os milagres não tomam a forma e proporção que aqueles que buscam querem. Existe uma segunda etapa a ser cumprida, e essa depende exclusivamente do portador. Além de Daniel, existe mais dois jovens que vivem nesse recanto: Beatriz é a menina sem sentimentos, que tem tudo muito esquematizado dentro da sua cabeça; e Joaquin, locutor da rádio pirata comandada pelos três primos e que sonha com uma vida diferente. Este trio e Bicho Raro será palco de acontecimentos inusitados, e que colocarão à prova a fé nos reais milagres.
Definitivamente foi uma das melhores leituras do ano passado! A autora tem uma perspicaz de levar o desenvolvimento que é simplesmente sensacional. Eu me rendo em todas as suas obras pela forma de escrita — que não agrada grande parte do público, porém quem se identifica acaba virando fã — e mais uma vez ela nos é apresentada. Seu tom poético e cheio de metáforas é certeiro, principalmente quando estamos lidando com o realismo mágico. Sim, não é fantasia. O fato de lidarmos com milagres, santos e fé num ambiente contemporâneo — que é totalmente próximo na nossa realidade — o faz fugir de fantasia. Com apenas pequenos elementos irreais inseridos ao longo da narrativa, a preocupação maior da escrita é nos passar a mensagem que o contexto geral traz. E ela é linda!
Me apaixonei demasiadamente pelos personagens principais e a família Soria. Um grupo com opiniões diferentes, que se amam a sua maneira, que tem seus problemas e soluções para as situações e são unidos. A iniciativa de tomarem atitudes, ou a falta, é a peça fundamental para toda a narrativa. Se reencontrarem como pessoas — e como parentes — tentando entender como as coisas realmente funcionam, é um dos objetivos. Só possuo elogios rasgados, e destaco Daniel como meu queridinho. O peso de ser o Santo dos Soria, da cidade, de ter que lidar com diversas "regras" impostas pelo cargo nos toca — não é a toa que o problema majoritário se inicia com ele. Me apeguei as seus medos e receios, ficando contente na forma como foi trabalhado.
"Agora deve ser dito que é uma coisa esquisita ser capaz de realizar milagres. Ter a capacidade de ajudar alguém não anda de mãos dadas com a capacidade de saber quando é o momento certo para ajudar alguém." pág. 85
Um ponto a ser debatido é o fato da cultura latina ser expansivamente usada. As expressões e hábitos demonstrados nos tendem a acreditar que a base exploratória foi a mexicana. Não cheguei a pesquisar se houve essa "polêmica" por aqui — e acredito que não houve — entretanto internacionalmente houve diversos questionamentos sobre a forma como o assunto foi destrinchado. Muitos acharam que estereótipos ruins da cultura foram usados, e isso não agradou grande parte do público — no sentido de preconceito mesmo. Em opinião pessoal, não enxerguei isso e não captei nada com teor pejorativo. Contudo, como também não sou de lá e não tenho lugar de fala, não posso afirmar que todos não serão afetados.
Não espere tantas reviravoltas ou cenas impactantes. A finalidade dos acontecimentos é entendermos as metáforas e mensagens que o contexto geral deixa. E com isso, saí feliz com as resoluções finais, tendo até algumas lágrimas rolando. Sinalizo que aqueles que não gostam de finais abertos podem ficar frustrados. Não nos deixa sem respostas, todavia algumas ficarão a encargo da nossa construção e imaginação.
De uma forma geral, recomendo! É um livro que nos faz pensar sobre o modo como enxergamos milagres e no acreditar. Um exemplar com questionamentos e livre-arbítrio de interpretação, sem deixar de trazer o pensamento de quem escreve. Tem uma narrativa cadenciada, mesmo sendo curto, então pode demorar a engrenar — nada que atrapalhe o conjunto. Espero que curtam!
Na parte física, a capa brasileira é igual a capa original e totalmente condizente com seu conteúdo — as referências tem interligação com cenas e ambientação. A diagramação é a padrão da Verus, sendo limpa, sem detalhes e bastante confortável de ler. A narrativa é feita em terceira pessoa por vários pontos de vistas.
"Nós quase sempre conseguimos apontar para aquele centésimo golpe, mas nem sempre marcamos as noventa e nove outras coisas que acontecem antes de mudarmos." pág. 159
Estava com saudades de ler coisas da Maggie Stiefvater, e essa obra veio como uma grata surpresa — a nota do Goodreads era baixa, então não criei tantas expectativas. Terminei 2019 em alta. Agora me digam vocês, ficaram curiosos com Todos os Santos Malditos? Acharam interessante? Já leu algo da autora? Deixa nos comentários!