Livro: Os Noivos do Inverno #1Série: A Passa-Espelhos
Autora: Christelle Dabos
Editora: Morro Branco
Páginas: 416
Gênero: Fantasia / Jovem Adulto
Nota: ⭐⭐⭐+ 0,5
Honesta e cabeça-dura, Ophélie não se importa com as aparências. Mas, por baixo de seus óculos de aros largos e cachecol desgastado, a garota esconde poderes únicos: ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. A vida tranquila que leva em Anima se transforma quando Ophélie é prometida em casamento à Thorn, herdeiro de um distante e poderoso clã. Agora, ela terá que deixar para trás tudo o que conhece e seguir seu noivo até Cidade Celeste, a capital flutuante de uma gelada arca conhecida como Polo. Ali, o perigo espreita em cada esquina, e não se pode confiar em ninguém. Sem se dar conta, Ophélie torna-se um peão em um jogo político mortal, capaz de mudar tudo para sempre.
A leitura de Os Noivos de Inverno me foi uma grata surpresa! Ainda que eu encontre algumas ressalvas nesse primeiro volume, gosto da perspectiva de futuro que ele apresenta para a série, no todo. Tem grandes chances de que eu adore os próximos volumes!
Ophélie é uma animista que consegue ler objetos aos tocá-los. Ela consegue ver ou rastrear o passado que aquele item guarda — podendo ser emoções, acontecimentos ou histórias. É uma leitora. Levando uma rotina que gosta, e trabalhando em um museu junto do seu tio-avô, ela não se surpreende em estar novamente prometida em casamento. Porém, agora seu futuro esposo é um homem do Polo, que não conhece. Thorn é um rapaz que ocupa uma profissão de alto escalão na Cidade Celeste — a capital flutuante de Polo —, e por isso, desconfianças e perigos fazem parte do seu caminho. Ophélie não esperava, que ao adentrar a esse casamento, contra a sua vontade, estaria participando de uma guerra política, onde torna-se um dos peões do jogo. Quem é Thorn? Onde Ophélie está se metendo?
Confesso, que foi um desenvolvimento que demorei a engatar. Posso considerá-lo sendo um contexto que traz uma longa introdução ao universo, o que me deixou com dificuldades para captar a proposta inicial da série. É uma obra que te demanda atenção — ainda que pareça não chegar a lugar nenhum — pois a autora nos apresenta, dentro do seu tempo, a esse mundo. Um lugar com singularidades, peculiaridades que torna-o diferente. Eu fiquei muito curiosa em desbravar e compreender o que seria essa ambiente, do acompanhar e entender a jornada dos protagonistas, mas ainda assim, fico com essa primeira impressão de uma coisa um pouco arrastada.
O fato é que estamos lidando com uma parte de algo maior, que deixa as expectativas de desdobramentos para os sucessores. Acho que nem de longe esse será o melhor volume de A Passa-Espelho, no entanto esse primeiro tem a pretensão de ser o pontapé da evolução. Da evolução dos personagens, da evolução da trama e o quão riquíssimo esse mundo pode ser. É por isso que mesmo com uma experiência que posso classificar de mediana, sinto que os sucessores tem chances de brilharem.
"Brincou com os óculos entre os dedos, nervosa. Thron se preocupava com ela? Ele tinha um jeito peculiar de demonstrar e ela não sabia o que pensar." pág. 232
E falando sobre os personagens, temos um leque de pessoas que chamam a atenção pelas personalidades ímpares. Ophélie sendo o grande destaque, me deixou com um gosto amargo na boca por ser mostrar uma jovem bem diferente do que ansiava. O que me incomodou foi o quão submissa se mostrou para os comportamentos e atitudes de outros. Apesar de aparentar ter uma ferocidade no olhar, ela se deixou ser engolida diversas vezes por outros. Contudo, ainda que seja só no fim, ela demonstra que teremos uma mulher totalmente diferente daqui para frente — e é aqui a minha aposta de melhorias. O que impressiona é quão real ela é — cheia de defeitos e qualidades — e a sua garra de agora, querer mudar sua trajetória.
O título dá a entender que teremos um romance, porém definitivamente o que não temos é a construção de um relacionamento. Vi alguns leitores falando que seria estilo slow burn, contudo eu não enxergo isso aqui, ainda. Na minha visão essa relação em algum momento acontecerá, mas existe percalços a serem superados para realmente começar, principalmente, quando falamos da parte da Ophélie — como a confiança dela em Thorn. Enfim, é um elemento que deverá transcorrer, sem ser a parte principal.
Por mais que exista um andamento que considero lento, parece que os 20% da parte final das páginas é o local onde detém as maiores aventuras e cenas eletrizantes da obra. O desfecho traz uma sucessão de ocorrências, capazes de nos prender a cada detalhe na narrativa, e faz jus ao fato do leitor querer o mais rápido possível a sequência. Máscaras caem, as verdadeiras intenções e ações são colocadas na mesa, dando impulso para que possam ser possíveis reviravoltas. É o ápice da obra, e é a minha justificativa para continuar adentrando em A Passa-Espelhos.
De uma forma geral, Os Noivos do Inverno é uma leitura boa. Como disse anteriormente, é a ponta de um iceberg: situações profundas estão sendo lapidadas. Ansiosa para ver onde serei levada nesse universo.
"O seu olhar, por outro lado, nunca voltaria a ser como antes. De tanto ver ilusões, tinha perdido as próprias, e era melhor assim. Quando as ilusões somem, só resta a verdade. Esses olhos se voltariam menos para dentro e mais para o mundo. Eles ainda tinham muito a ver, muito a aprender." pág. 411
Na parte física, as capas são lindíssimas. A Editora Morro Branco acertou em adaptar as artes da original, então elas possuem uma conexão com a parte interna. A diagramação tem detalhes, com um texto espaçado e confortável de ler. A narrativa é feita em terceira pessoa pelo ponto de vista da Ophélie.
Espero que tenha gostado, e pretendo trazem em breve a resenha já de Desaparecimento em Luz a Lua, segundo volume. E aí me digam: conheciam Os Noivos do Inverno? Querem ler? Deixa nos comentários!
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