[Resenha] A Melodia Feroz, Victoria Schwab

Livro: A Melodia Feroz #1
Série: Monstros da Violência
Autora: Victoria Schwab
Editora: Seguinte
Páginas: 384
Gênero: Fantasia
Nota: ⭐⭐⭐⭐❤️
Kate Harker e August Flynn vivem em lados opostos de uma cidade dividida entre Norte e Sul, onde a violência começou a gerar monstros de verdade. Eles são filhos dos líderes desses territórios inimigos, e seus objetivos não poderiam ser mais diferentes. Kate sonha em ser tão cruel e impiedosa quanto o pai, que deixa os monstros livres e vende proteção aos humanos. August também quer ser como seu pai: um homem bondoso que defende os inocentes. O problema é que ele é um dos monstros, capaz de roubar a alma das vítimas com apenas uma nota musical. Quando Kate volta à cidade depois de um longo período, August recebe a missão de ficar de olho nela, disfarçado de um garoto comum. Não vai ser fácil para ele esconder sua verdadeira identidade, ainda mais quando uma revolução entre os monstros está prestes a eclodir, obrigando os dois a se unirem para conseguir sobreviver.

A Melodia Feroz foi um livro que comecei sem muitas expectativas, e quando me toquei, estava me maravilhando com a história. Sempre ouvi muitos elogios rasgados, e realmente tenho que concordar que é uma das melhores duologias da autora.

Não há segurança em Veracidade, um lugar marcado pela guerra e repleto de monstros. Numa cidade dividida entre Norte e Sul, com dois líderes que tem ideais diferentes, Kate sonha em ser igual seu pai, Callum Harker. Callum Harker comanda a cidade Norte, e controla os monstros que nela vive, com a venda da proteção dos humanos residentes. Ele é impiedoso e cruel. Já August, vive na Cidade do Sul onde seu pai, Henry Flynn, protege todos os moradores sem distinção. A trégua entre os dois lados está prestes a ruir, e com isso Kate e August terão seus caminhos cruzados. Porém uma revolução está prestes a eclodir, e eles dois terão que se aliar para se salvarem.


O que me chamou mais atenção inicialmente foi a ambientação e o universo criado. Aliar música com violência e monstros é algo inusitado. Com uma grande dose de ousadia e elementos fantásticos, torna-se único. Acredito que seja o primeiro passo que atrai o leitor e não menos, o desenvolvimento entrega o que é proposto. Somos apresentados a esse mundo onde monstros nascem da violência de forma gradativa. Descobrimos o que é necessário ao longo da narrativa — e boa parte da informação já tem na sinopse interna — o que é um ponto positivo. Entendemos aos poucos como funciona essa sociedade e a estrutura de mundo. 

E consequentemente, isso faz com que o contato inicial com os personagens seja mais cativante. Me senti próximo dos protagonistas, e foi estruturado uma linha de crescimento sobre eles, totalmente perceptível, que nos dá chances de acompanhar e captar suas indagações, dores e receios. Kate e August são opostos como pessoas e em personalidades, mas se encaixaram perfeitamente no intelectual — acho que essa foi a magia da obra que tornou a dupla especial. Não quero me aprofundar muito sobre, porque entenderão o que falei quando lerem. A única dica é que: as primeiras impressões não são as impressões finais de cada um. Foram muito bem trabalhados!

"Os corsais se alimentavam de carne e osso; os malchais, de sangue, não importava de quem; mas o sunais só conseguiam se alimentar de pecadores. Era isso que os diferenciava." pág. 101

A escrita fluida nos ajuda a ter um andamento cadenciado. Ainda que exista partes mais poéticas  no contexto, a alta quantidade de ação, cenas eletrizantes e acontecimentos, deixam a leitura dinâmica. Não demoramos a chegar no ápice desejado, no bom sentido, e esteja preparado para situações um tanto quando pesadas — Victoria já deixou claro que gosta de se aventurar pelo lado mais sombrioTemos diversas cenas com atos cruéis, e descrições detalhadas das mesmas, que podem dar arrepios nos leitores — pelo menos, eu fiquei. E apesar de termos uma dupla com sexos opostos, a inexistência de um romance é quase certa.

Sobre o desfecho do exemplar, ele fecha esse clico sem pontas soltas — então se não quiser ler o sucessor não é necessário — no entanto, o epílogo deixa algo em aberto que faz com que um segundo volume torne-se uma necessidade. Não acredito que os desdobramentos finais sejam óbvios ou de fáceis de acertar, então ele pode trazer grandes impactos. Entretanto, como estou habituada com a escrita da autora, o que eu tinha imaginado foi semelhante ao que transcorreu, estragando um pouco dessa surpresa. Mas, nada que afete os meus sentimentos pelo título.


Por último, falando sobre a fantasia, não senti falta de explicações ou componentes que atrapalhasse o andamento. Como disse anteriormente, ela foi avolumando a parte fantástica, quando necessário, o que tampa os "buracos" quando temos a impressão de que algo ficou mal explicado. Não sei se foi um recurso usado de propósito, entretanto funcionou e trouxe soluções para os problemas. O sistema e a civilização de A Melodia Feroz nos é elucidado totalmente — ajudado por ser de temporalidade contemporânea, então não existe muitos mistérios — e acho que é o maior ponto positivo. Quando lidamos com monstros, lidamos com três grupos distintos e caracterizados — em aparência, como vivem, o que come e um pouco além. Quando lidamos com países, os grupos de pessoas, a divisão da cidade, tudo também é delimitado. 

De uma forma geral saio feliz com o que li e recomendando a todos os fãs de fantasia. É impactante, ao seu modo, e tem diferencial. Entre os livros de fantasia da Victoria, recomendo pegar de primeira instância este, pois tem muitas qualidades que podem agradar uma grande parcela dos fãs do gênero. Aqui temos a dosagem certa de todo o potencial dela. Fãs de fantasia contemporânea e da autora podem arriscar sem medo!

"— Vocês vivem. Não passam todos os dias sem saber por que existe sem se sentirem reais, por que parecem humanos mas não são. Não fazem tudo para serem boas pessoas para a vida vir e jogar na sua cara que nem pessoas vocês são." pág. 251

Na parte física, manter a capa original além de ser algo acertado, traz uma conexão com o conteúdo interno. Fora a escolha da fonte do título, que é extremamente delicado e bonito. A repartição do livro segue a linha não convencional da autora, em que temos uma divisão maior denominadas prelúdio e versos — interligado ao tema música — e dentro deles temos os capítulos. São seis "partes".  A diagramação é exclusiva e elegante. Se tratando de narrativa, ela é feita em terceira pessoa intercalando o ponto de vista entre os dois protagonistas.

Espero que tenham gostado e possam ler! E vocês, conheciam A Melodia Feroz? Tem curiosidade? Deixa nos comentários! 
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Ana Caroline

Olá, tudo bem? Prazer, me chamo Carol (na realidade Ana Caroline, mas ficamos com Carol!), sou formada em Nutrição pela UNIRIO e tenho 26 anos. Gosto de compartilhar com o mundo um pouco do que eu me apaixonei no universo literário, que é um vício criado na adolescência (culpado Crepúsculo!). Fã de fantasia, romances (desde os dark até romance de época) e um pouco de suspense, o Leituras Diárias é um lugar onde mostro essa minha paixão pelos livros. Sejam bem-vindos!

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