Livro: A Memória de Babel #3
Série: A Passa-Espelhos
Autora: Christelle Dabos
Editora: Morro Branco
Páginas: 400
Gênero: Fantasa
Nota: ⭐⭐⭐⭐+ 0,5 💗
Ophélie está isolada na arca de Anima há quase três anos, onde vive uma existência sem emoções. Mas, encorajada por novas revelações do livro de Farouk e por um segredo que pode ser a chave entre passado e futuro, é chegada a hora de agir. Sob uma identidade falsa, ela viaja até Babel, uma arca ultramoderna e cosmopolita, habitada pelos mais suspeitos residentes. Composta por mais de mil ilhas e conhecida como “a joia do universo”, a arca esconde inúmeras armadilhas atrás de seus rígidos regulamentos. Ophélie precisa usar todas as suas forças para superar uma rede de mentiras e intrigas cada vez mais ameaçadora. Suas habilidades como leitora serão suficientes para enganar seus inimigos? Conseguirá ela seguir os rastros de Thorn?
Não estava nos meus planejamentos de leitura, pegar por agora A Memória de Babel. Porém, a curiosidade depois de ver a sinopse foi aguçada, e o que inicialmente tinha em mente — ler em torno das 50 páginas iniciais para testar — transformou-se em eu lendo o livro todo, durante a madrugada. E mais uma vez, Christelle Dabos não me decepciona na história. Como de praxe, resenha sem spoilers!
Após quase três anos dos fatídicos acontecimentos na Cidade Celeste que mudou a sua vida, Ophélie tenta reencontrar seu lugar no mundo. Longe de quem ama e do que realmente quer fazer, quando é resgatada por Archibald de Amina, finalmente ela poderá colocar em ação todas as pesquisas e informações que reuniu ao longo desse tempo. E não somente, mas também seguir as pistas daquele que realmente quer rever. As respostas? Estão em Babel, uma arca considerada ultramoderna e diferentes de todas.
Se eu pudesse definir esse enredo em uma única palavra, a ideal seria: eletrizante. Ainda que na minha opinião é persistente o problema do início sempre ser um pouco arrastado, quando os elementos começam a ganhar formas e delimitações, o desenvolvimento deslancha. O fato da autora sempre explorar nuances diferentes em cada volume, é muito bem acertado. Se em Os Noivos do Inverno conhecemos a Cidade Celeste, em Desaparecidos em Luz da Lua adentramos em Luz da Lua, aqui desbravamos Babel, a arca dos gêmeos Pólux e Hélène. Essa movimentação dentro do universo impede da trama cair na mesmice, além de dar maiores detalhes e informações que nos ajuda a construir esse mundo em todos os seus lados.
Temos inserido, novamente, a mistura da fantasia com aqueles toques de suspense e mistérios, já que estamos tentando desvendar enigmas como: quem é Deus? quem é o Outro? Ou mais precisamente, como tudo isso começou? A questão da Ophélie e do Thorn terem como inimigo literalmente o criador desse mundo — alguém extremamente grandioso — demonstra o tamanho da enrascada que eles se meteram. No entanto, Ophélie se mostra digna do porte da "missão", visto que sua evolução como leitora, como passa-espelhos e como mulher, é visível e admirável.
"Ela estava com medo de desconcentrá-lo. Estava com medo, ponto. Medo do que aconteceria ali quando finalmente pudessem libertar as emoções verdadeiras. Estava com medo, sim, mas não preferiria estar em nenhum outro lugar." pág. 226
Assim com disse na resenha anterior a construção do romance é feita de modo gradativo, logo, não esperem rompantes ou coisas bem demonstrativas vindo dos protagonistas. Inclusive comigo, como leitora, rolou uma leve decepção em um desses quesitos pois esperava emoções afloradas de ambas as partes, e porque sou rendida por romances em fantasias — adoro a boa inserção da temática. No entanto, essa sensação acabou sendo amenizada em virtude de algumas cenas finais deles que fizeram valer a pena a espera e a indecisão ao longo das páginas.
A entrada de novos personagens, novos aliados e inimigos se faz necessário por conta desse ambiente novo, assim, se prepare para um grande leque de novos nomes a gravar. Além disso, teremos também a entrada de mas um ponto de vista na narrativa, da pequena Victoire, que torna-se fundamental para estarmos ciente do transcorrer da Cidade Celeste. E em suposição própria, na verdade esse aparecimento de contexto teria uma diferente função — que se for o que penso, será melhor explicado no sucessor —, e aí falo para vocês se minha aposta estava correta.
Algo que transformou-se em padrão na série, são os desdobramentos, revelações e reviravoltas capazes de deixar qualquer leitor impactado. Mais uma vez, não passei nem um pouco perto de acertar as surpresas dos plots twist e acontecimentos estarrecedores das páginas, sem falar da complexidade da história. O desfecho é condizente com toda a trajetória feita, deixando expectativas para o sucessor. As minhas partes favoritas, definitivamente, estão nessa parte final!
De uma forma geral, A Memória de Babel é outro excelente volume da série A Passa-Espelhos! Na minha opinião tanto esse quanto o antecessor são os melhores exemplares dos três lidos, então podem apostar que é uma primorosa indicação do gênero. Recomendo!
"Ela beijou suas cicatrizes, começando pela que cortava a sobrancelha, em seguida a que cruzava a bochecha, e por fim, a que atravessava a têmpora. A cada contato, Thorn arregalou mais os olhos. Os músculos, ao contrário, se contraíram." pág. 393
Na parte física, as capas são lindas. Não tenho o que reclamar com a escolha da Morro Branco em manter a arte original. A diagramação é a padrão da editora: folhas com texto espaçados e confortáveis de ler, contendo também mapas, índices e um resumo do livro antecessor. A narrativa é feita em terceira pessoa pelo ponto de vista da Ophélie, e como disse antes, e da pequena Victorie esporadicamente.
Espero que tenham gostado da resenha, e possam dar uma oportunidade. Agora me digam: conheciam A Memória de Babel? O que acharam a proposta? Deixa nos comentários!
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