[Resenha] Binti, Nnedi Okorafor

Livro: Binti #1 #2 #3
Série: Binti (volume único)
Autora: Nnedi Okorafor
Editora: Galera Record
Páginas: 377
Gênero: Ficção Científica / Distopia
Nota: ⭐⭐⭐+ 0,5
*exemplar cedido pela editora*
Seu nome é Binti, e ela é a primeira de seu povo a ser aceita pela Universidade de Oomza, a instituição superior mais prestigiada da galáxia. Sua aptidão em matemática e habilidade com astrolábios fazem dela a candidata perfeita para empreender esse desafio interestelar. É, realmente, uma oportunidade imperdível. Mas se decidir partir para explorar as estrelas, passará a viver entre estranhos, pessoas que desconhecem completamente as tradições e os costumes himba – e, principalmente, desistirá de seu lugar entre a família. No entanto, conhecimento tem um custo, e Binti está disposta a pagar o preço. Mas sua jornada não será fácil. Ela precisará deixar a proteção da vida familiar em sua casa, atravessar as estrelas, afastar-se das fronteiras da Terra, mas isso não é tudo: o mundo que deseja entrar está há muito tempo infestado por Medusas – uma raça alienígena que se tornou seu maior pesadelo. A Universidade de Oomza desonrou as criaturas de uma forma inacreditável, e a viagem estelar de Binti a deixará ao alcance da rainha Medusa. Se Binti quiser sobreviver ao legado de uma guerra não causada por ela, precisará unir os dons e a sabedoria de seu povo à sabedoria dos decanos da Universidade – mas, primeiro, ela precisa chegar viva ao planeta.

Binti é uma trilogia escrita pela Nnedi Okorafor — também autora de Bruxa Akata — publicado em volume único pela Galera Record, sendo um livro ganhador de diversos prêmios literários. É uma história que traz fortemente como característica principal a estética afrofuturista, e possui um universo ímpar que tem tudo para nos impressionar.

Binti é a primeira himba a ser aceita na Universidade de Oomza — o maior centro de estudos da galáxia — mas desde pequena, é treinada para ser uma mestra harmonizadora, na qual futuramente tomaria o lugar do seu pai no cargo. Ela sabe que por conta das tradições do seu povo e da família, estudar em um lugar tão distante não seria fácil — os poucos himbas que desbravaram sair da comunidade, são totalmente excluídos. E Binti sempre prezou pelos costumes e a cultura que aprendeu. Quando ela toma a decisão de ceder a sua curiosidade e ir estudar na Oomza, logo na viagem de ida o inesperado acontece: sua nave é atacada pelas medusas, uma raça alienígena de outro planeta que está em guerra com os khoush. Para sobreviver, Binti terá que usar da sua inteligência e de tudo que aprendeu com seu povo.


Pelo motivo de eu sempre querer entender todos os pormenores que são inseridos em um desenvolvimento, às vezes a minha experiência de leitura no todo é atrapalhada. E infelizmente, isso aconteceu com Binti. O enredo em si não tem algo que eu possa reclamar ou achar ruim — na realidade, só tenho elogios ao modo como esse ambiente é diferente de tudo que já li. No entanto, o modo como ele foi elaborado não conversa com o que estou habituada, o que me causou uma sensação de estranheza que me acompanhou até o fim. A complexidade da obra, que mesmo sendo impecável, me travou no andamento.

O universo criado é um que está em recorrente expansão, assim como os desdobramentos ganham em constância novos elementos de mundo. É uma trama que parece que você não tem fôlego para respirar porque ela é contínua — o que é sensacional para quem gosta de coisas no estilo. E depois do primeiro volume, temos um ritmo que só acelera!

"O problema entre as medusas e os khoush era uma luta antiga e um desentendimento mais antigo ainda. De algum modo, os dois povos tinham estabelecido um acordo de não atacar naves um do outro." pág. 23

A diversidade cultural tem espaço e relevância dentro das páginas — não limitada somente ao ambiente Terra já que é uma narrativa que engloba galáxias, planetas, raças e culturas distintas — assim como, as questões raciais e sociais serem apresentadas intrinsecamente ao contexto. A jornada de Binti nos permite acompanhar o crescimento e evolução da personagem, que vai em busca de um sonho, de uma conquista pessoal, onde essas ações tornam-se fundamentais para que seu povo, sua raiz e seu nome sejam reconhecidos. Claro que isso não deslancha da maneira que planejava, e essa é a mágica da jornada de um herói, ou no caso, heroína — os percalços, as lutas e o inesperado transforma-os para sempre.

E falando sobre a protagonista, ela é uma jovem que demonstra ter muito força de vontade. Dona de uma personalidade determinada e empenhada no que é designada, Binti igualmente nos faz enxergar seu lado mais frágil, suas incertezas e receios no que está se tornando. Sair da bolha de proteção da família para encarar um futuro que é incerto, não é fácil. Encontrar seu lugar sob sol, também não é fácil. A conjuntura ser narrada em primeiro pessoa nos coloca no lugar e na cabeça dela, construindo facilmente um laço afetivo entre o leitor e o personagem. Binti deixa sua marca naqueles que se abrem para suas vivências.


O desfecho consegue encerrar satisfatoriamente a trilogia, apesar de ter ficado algumas pontas soltas sobre aspectos que a autora trabalhou bastante dentro das páginas. Sinto que se a Nnedi quisesse dar continuidade a esse final, seria uma possibilidade — que não reclamaria, inclusive. O livro tem tantas vertentes que podem ser comentadas e exploradas, que é difícil resumi-lo em poucas palavras.

De uma forma geral, Binti é uma obra de excelência! Mesmo que comigo não tenha funcionado cem por cento, acredito que para aqueles que gostam do gênero e estão familiarizados a esse tipo de cadência, ele será sem defeitos — e inclusive, muitas pessoas adoram e tem como favorito. Espero que possam dar uma chance!

"— Você tentar muito ser tudo, agradar a todos. Himba, medusa, enyi zinariya, embaixadora khoush. Você não pode. Você é uma harmonizadora. Trazemos paz porque somos estáveis, simples, nítidos. O que você trouxe desde que voltou para a Terra, Binti?" pág. 215

Na parte física, achei super acertado a Galera Record ter lançado a trilogia em um único exemplar, visto que os volumes são relativamente pequenos — temos no total 377 páginas. A capa é lindíssima, com detalhes e sem dúvidas representa impecavelmente a parte interna. A diagramação é a padrão da editora, contendo uma diagramação espaçada e confortável de ler. Não encontrei erros de revisão ou ortográficos. Como disse anteriormente, a narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista da Binti — e pouquíssimos outros esporádicos.

Vamos papear? Me digam nos comentários se já tinham ouvido falar de Binti! O que acharam da proposta? Leriam? Beijos!
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Ana Caroline

Olá, tudo bem? Prazer, me chamo Carol (na realidade Ana Caroline, mas ficamos com Carol!), sou formada em Nutrição pela UNIRIO e tenho 28 anos. Gosto de compartilhar com o mundo um pouco do que eu me apaixonei no universo literário, que é um vício criado na adolescência (culpado Crepúsculo!). Fã de fantasia e de romances (desde os dark até romance de época) e um pouco de suspense, o Leituras Diárias é um lugar onde mostro essa minha paixão pelos livros. Sejam bem-vindos!

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