Série: Clube dos Sobreviventes
Autora: Mary Balogh
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Gênero: Romance de Época / Drama
Nota: ⭐⭐⭐⭐
Ralph Stockwood sempre se orgulhou de ser um líder nato. Mas, quando convenceu os amigos a lutarem com ele nas Guerras Napoleônicas, nunca imaginou que seria o único sobrevivente. Mesmo atormentado pela culpa, Ralph precisa seguir em frente, arranjar uma esposa e garantir um herdeiro para seu título e sua fortuna. Desde que a participação de Chloe Muirhead na temporada de Londres terminou de forma desastrosa, ela aceitou a possibilidade de ser, para sempre, uma solteirona. Para escapar da própria família, a moça se refugia na casa da madrinha de sua mãe. Lá, conhece Ralph. Ele precisa de uma esposa. Ela não acharia ruim encontrar um marido. Então Chloe sugere que os dois se casem, por conveniência. A condição é uma só: Ralph precisa prometer que nunca a levará de volta a Londres. Mas, de uma hora para outra, as circunstâncias mudam. E logo fica claro que, para Ralph, o acordo foi apenas uma promessa e nada mais...
E cheguei ao quinto volume da série Clube dos Sobreviventes! Uma Promessa e Nada Mais nos traz a história de Ralph, um dos integrantes do grupo de amigos com traumas da guerra que se apoiaram, e tal como o antecessor, tenho ressalvas a fazer.
Ralph sabe que chegou a hora de planejar o casamento. A responsabilidade de trazer uma nova geração para a família está nas mãos deles, principalmente, pelo fato de seus avós já estarem com idades avançadas, e ele ser o sucessor. Entretanto, junto do matrimônio, Ralph deverá ter que abrir mão da sua independência, além de ter que compartilhar sentimentos — o que ele é incapaz de fazer. Depois do que viu e do que aconteceu na guerra, ele jurou nunca mais sentir nada. É por isso que quando Chloe — a acompanhante da sua avó — lhe propõe um casamento de conveniência e de formalidades, ele acaba aceitando. Mas, será que dará certo?
O fato de termos outro desenvolvimento contextualizando um casamento de conveniência, me frustrou. Eu sei que nos romances de época não tem como fugir tanto do padrão proposto no gênero, entretanto quando analiso que dentre os cincos primeiros volumes, três trazem a mesma temática... ficamos receosos. Por estar maratonando a série, não paro para ler a sinopse e analisá-la, logo, vou descobrindo o que livro aborda a medida que leio. E o instante que compreendi que seria um acordo de relação, fiquei desanimada.
Até porque Ralph aparece com certa regularidade nas anteriores tramas. Então, entendermos os traumas e medos que a sua participação nas guerras Napoleônicas deixou, é uma coisa que instiga. Isso é, se o assunto fosse melhor abordado. Por ser tratar de uma pessoa que sofre de transtornos mentais em vez de doença física — Ralph já tentou suicídio e deu a entender que sofreu de depressão — pensei que teríamos um detalhamento acerca. E foram os pouquíssimos momentos, que sequer, o tópico foi citado.
"— Tristezas fazem parte da condição humana. — declarou ele. — Ninguém que chega à idade adulta consegue escapar elas. Nem as crianças, na verdade. O que importa é o que fazemos com a dor, o modo como moldamos nosso caráter, nossas ações e nossos relacionamentos. Afinal, a vida não é pura tristeza. Ninguém deve de forma alguma, permitir que o pessimismo ou o ceticismo o lance numa depressão profunda. Existe muita alegria também." pág. 151
Não posso reclamar que o romance tenha destaques quando comparados a outros elementos, porque esse é o objetivo. Entretanto, sinto que a conexão do leitor com a trama fica falha porque falta alguma coisa. E olha que acho que a Mary Balogh é uma das melhores autoras para criar um ambiente favorável para a construção do casal. Porém aqui, tenho a sensação que se perderam informações essenciais para que a narrativa nos emocionasse. É uma leitura que não conseguiu deixar sua marca.
Temos uma trama intensa e voltada para as emoções dos personagens, bem como os outros. Chloe é uma grata surpresa dentro das páginas, pois sua personalidade e comportamentos foram impecáveis. Vê-la enfrentar os medos e as inseguranças é gratificante, até porque com esta atitude, ela conseguiu também cativar o Ralph. Ele se sentiu seguro o suficiente para se abrir da grande culpa que carrega.
Existem outros pontos positivos como: a participação do Clube dos Sobreviventes em várias cenas, a percepção do amor entre o casal, assim como, o desfecho do título. A parte final é a minha favorita, e sinto que leria muito além dos últimos desdobramentos. Sinto que o "foram felizes para sempre" é cumprido, o que aquece meu coração.
De uma forma geral, se chegou até aqui na série não deixe de ler Uma Promessa e Nada Mais. Ele não configura entre os meus volumes favoritos, contudo tem suas qualidades — só não funcionou cem por cento comigo. Deem uma oportunidade!
"Desde o seu casamento, porém, nutria a vontade de voltar a ter sentimentos. Uma ou duas vezes, chegara a ceder a essa tentação. Mas permitir-se ter sentimentos significava permitir que uma dor insuportável retornasse à sua vida, o que seria autodestrutivo." pág. 240
Na parte física, a arte da capa segue o padrão visto na série, e felizmente, tiveram a preocupação de deixar o tom de cabelo da imagem, igual ao citado no conteúdo. A diagramação é a comum da editora Arqueiro, com um texto espaçado e confortável de ler, sem detalhes. Encontrei alguns erros de revisão. A narrativa é feita em terceira pessoa pelos dois pontos de vistas alternados.
Agora me digam: conheciam Uma Promessa e Nada Mais? Leriam? Deixa nos comentários!
Resenhas anteriores:
Uma Paixão e Nada Mais #4
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